quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Quer saber quando te olhei na piscina
Se apoiando com as mãos na borda
Fervendo a água que não era tão fria
E um azulejo se partiu porque a porta
Do nosso amor estava se abrindo
E os pés que irão por esse caminho
Vão terminar no altar
Eu só queria me casar
Com alguém igual a você
E alguém igual não há de ter
Então quero mudar de lugar
Eu quero estar no lugar
Da sala pra te receber
Na cor do esmalte que você vai escolher
Só para as unhas pintar
Quando é que você vai sacar
Que o vão que fazem suas mãos
É só porque você não está comigo
Só é possível te amar...
Seus pés se espalham em fivelas e sandália
E o chão se abre por dois sorrisos
Virão guiando o seu corpo que é praia
De um escândalo, charme macio
Que o cor terá se derreter?
Que som os lábios vão morder?
Vem me ensinar a falar
Vem me ensinar ter você
Na minha boca agora mora o teu nome
É a vista que os meus olhos querem ter
Sem precisar procurar
Nem descansar e adormecer
Não quero acreditar que vou gastar desse modo a vida
Olhar pro céu só ver janela e cortina
No meu coração fiz um lar
O meu coração é o teu lar
E de que que adianta tanta mobília
Se você não está comigo
Só é possível te amar
Ouve os sinos, amor
Só é possível te amar
Escorre aos litros, o amor



No Recreio - Cássia Eller

sábado, 25 de setembro de 2010

Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços. Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.


Caio F. Abreu

terça-feira, 21 de setembro de 2010

                     It hurts inside. But I try, do not want to lower my head! 


domingo, 19 de setembro de 2010





If you're leaving will you take me with you?
I'm tired of talking on my phone
But there is one thing I can never give you
My heart will never be your home
(Stand By Me -Oasis)

sábado, 11 de setembro de 2010


Sou pequeno por coisas pequenas...

domingo, 5 de setembro de 2010



You do not know what I feel for you.
 You can turn my day with just your voice.
I swear I never felt like this with anyone.
I wanted you to like me a little, but I can not control myself around you.
You are so wonderful and beautiful inside. you really surprise me, and I know you like to stay forever. Yes, I can go with you!
Sorry my clumsy way, yes, you scare me.
I feel happy when you are near
Sorry, but you is not accessible to me.
You surprise me, my ....
I would be always with you 
My beautiful, with you, I'll
How are you?
This is very strange.
But I like YOU




Izabela v.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O meu lugar

Tenho tentado achar a direção, o caminho o rumo, não importa a palavra, eu tenho tentado. É, eu realmente tenho tentado. Mas parece que as coisas simplesmente não querem acontecer. E quando a noite chega eu choro e tenho a mesma sensação, todos os dias eu sinto a mesma coisa. Uma dor que vai além do q eu posso sentir e o sentimento de não poder fazer nada. Parece que meu futuro não está mais nas minhas mãos, e não importa o quanto eu me esforce, sou fraca demais para mudar o que já está escrito. Eu não me sinto bem. Eu não estou feliz. E eu sei, eu estou sozinha. Eu e meu futuro. Só eu e as coisas que eu tenho tentado mudar. Preciso de luz, de banho de chuva, de cachorros, de paz e um pouco de amizade. Tenho me sentido muito cansada. Só preciso encontrar o meu lugar, que  eu não imagino onde seja, mas sei que não é esse.


Izabela

domingo, 7 de março de 2010

''Tudo que é verdadeiro, volta.''

sábado, 6 de março de 2010

'' O que quero dizer é justamente o que estou dizendo. Não estou com pena de mim. Tá tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it’s all right man, I’m just bleeding. Tá limpo. Sem ironias. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu.”


(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 1 de março de 2010


SEGUNDA-FEIRA, 1 DE MARÇO DE 2010


''Mas gosto, gosto das pessoas. Não sei me comunicar com elas, mas gosto de vê-las, de estar a seu lado, saber suas tristezas, suas esperas, suas vidas. Às vezes também me dá uma bruta raiva delas, de sua tristeza, sua mesquinhez. Depois penso que não tenho o direito de julgar ninguém, que cada um pode — e deve — ser o que é, ninguém tem nada com isso. Em seguida, minha outra parte sussurra em meus ouvidos que aí, justamente aí, está o grande mal das pessoas: o fato de serem como são e ninguém poder fazer nada. Só elas poderiam fazer alguma coisa por si próprias, mas não fazem porque não se vêem, não sabem como são. Ou, se sabem, fecham os olhos e continuam fingindo, a vida inteira fingindo que não sabem."
(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

''Só o apaixonado por você tem a sagacidade de notar em você o que ninguém notou, fazendo enfim o elogio que nenhum professor lhe fez, a gentileza que nenhum cavalheiro lhe fez, a gracinha que nenhum canalha lhe fez. A paixão alerta sua razão que, ora, você é amado, e amado tanto assim. Então sou o homem mais sortudo do mundo. Porque essa menina rara, de pele tão branca e sardenta, ama-me careca. Um sentimento desses, está claro, pode mudar todas as pedras de lugar. Por isso tem tanta gente que não ama, nem é amado. São os que não aguentam levantar a tampa que os protege do incerto, e mudar. Portanto, quem é que não ama, não se apaixona, não odeia? Os covardes? Com certeza. Os covardes, entretanto, sábios. Naquele conceito de sabedoria que mata você de velho. E morrer de velho, covenhamos, é a coisa mais humilhante do mundo." 

(Fernanda Young)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ao momento presente




''Deixe que ele respire, como uma coisa viva. E tenha muito cuidado: ele pode quebrar. Como um bebê ou um cristal: tome-o nas mãos com muito cuidado. Ele pode quebrar, o momento presente. Escolha um fundo musical adequado — quem sabe, Mozart, se quiser uma ilusão de dignidade. Melhor evitar o rock, o samba-enredo, a rumba ou qualquer outro ritmo agitado: ele pode quebrar, o momento presente. Como um bebê, então, a quem se troca as fraldas, depois de tomá-lo nas mãos, desembrulhe-o com muito cuidado também. Olhe devagar para ele, parado no canto do quarto ou esquecido sobre a mesa, entre legumes, ou misturado às folhas abertas de algum jornal. Contemple o momento presente como um parente, um amigo antigo, tão familiar que não há risco algum nessa presença quieta, ali no canto do quarto. Como a uma laranja, redonda, dourada — mas sem fome, contemple o momento presente. Como a cinza de um cigarro que o gesto demorou demais, caída entre as folhas de um jornal aberto em qualquer página, contemple o momento presente. E deixe o vento soprar sobre ele.
Desligue a música, agora. Seja qual for, desligue. Contemple o momento presente dentro do silêncio mais absoluto. Mesmo fechando todas as janelas, eu sei, é difícil evitar esses ruídos vindos da rua. Os alarmes de automóveis que disparam de repente, as motos com seus escapamentos abertos, algum avião no céu, ou esses rumores desconhecidos que acontecem às vezes dentro das paredes dos apartamentos, principalmente onde habitam as pessoas solitárias. Mas não sinta solidão, não sinta nada: você só tem olhos que olham o momento presente, esteja ele — ou você — onde estiver. E não dói, não há nada que provoque dor nesse olhar.
Não há memória, também. Você nunca o viu antes. Tenha a forma que tiver — um bebê, um cristal, um diamante, uma faca, uma pêra, um postal, um ET, uma moça, um patim — ele não se parece a nada que você tenha visto antes. Só está ali, à sua frente, como um punhado de argila à espera de que você o tome nas mãos para dar-lhe uma forma qualquer — um bebê, um cristal, um diamante e assim por diante. E se você não o fizer, ele se fará por si mesmo, o momento presente. Não chore sobre ele. No máximo um suspiro. Mas que seja discreto, baixinho, quase inaudível. Não o agarre com voracidade — cuidado, ele pode quebrar. Não ria dele, por mais ridículo que pareça. Fique todo concentrado nessa falta absoluta de emoção. Não espere nada dele, nenhuma alegria, nenhum incêndio no coração. Ele nada lhe dará, o momento presente.
Deixe que ele respire, como uma coisa viva. Respire você também, como essa coisa viva que você é. Contemple-o de frente, igual àquela personagem de Clarice Lispector contemplando o búfalo atrás das grades da jaula do jardim zoológico. Você pode estender a mão para ele, tentar uma carícia desinteressada. Mas será melhor não fazer gesto algum. Ele não reagirá, mesmo todo pulsante, ali à sua frente.
Respire, respire. Conte até dez, até vinte talvez. Daqui a pouco ele vai começar a se transformar em outra coisa, o momento presente. Qualquer coisa inteiramente imprevisível? Você não sabe, eu não sei, ele não sabe: os momentos presentes não têm o controle sobre si mesmos. Se o telefone tocar, atenda. Se a campainha chamar, abra a porta. Quando estiver desocupado outra vez, procure-o novamente com os olhos. Ele já não estará lá. Haverá outro em seu lugar. E então, como a um bebê ou a um cristal, tome-o nas mãos com muito cuidado. Ele pode quebrar, o momento presente. Experimente então dizer “eu te amo”. Ou qualquer coisa assim, para ninguém.''

(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010





''Acredito que o tempo torna tudo mais claro. Só ele é o que pode  dizer o que valerá a pena ou não. Confesso que nesses  meses de ócio, tenho aprendido a conviver mais comigo mesmo e  com  os outros. Lembro do meu passado e tudo que eu considerava ser importante, vejo que não passava de ilusão, eram coisas que não existiam, alias, até existiam, mas apenas dentro de mim. Olha, só o tempo traz conhecimento e apaga as magoas do passado.  Eu  gosto da evolução, da curiosidade, acredito na força do desconhecido, do tempo e do amor. Concluindo, quero dizer que, esse tempo todo e esse vazio todo, está me ajudando a organizar tudo dentro de mim e acho que finalmente eu estou me tornando em quem eu realmente sou.'' 


Izabela

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Bom dia!!





''Eu? Eu não sou somente boa. Sou uma pessoa muito bonita. Generosa e linda – e quem agüentar, agüentou. Como prêmio, terá meu amor. Saberá da minha verdade. Dará boas gargalhadas. Mas terá que suportar uma boa dose daquilo que sinto. Pois, apesar de tudo ser diversão, nada é simples. Nada é pouco quando o mundo é o meu. 
No meu mundo, eu não sei onde andam aqueles, “os melhores”, que bebem bons vinhos e saboreiam trufas. Queria saber se eles sentem, vagamente, pode ser vagamente mesmo, uma pontinha de nojo, ou de tristeza, porque vivem intensamente a baboseira dos vinhos e trufas, sem pensar em mim, nem querer estar comigo, nem com qualquer outra pessoa que não entenda picas de vinhos e tenha mais o que fazer do que pagar fortunas por lascas de fungo.''
 (Fernanda Young)

sábado, 20 de fevereiro de 2010


''olha eu nem sei de onde venho
nem pra onde vou
ninguem me escuta
e nem sei quem sou
eu procurei meu caminho no vento
mas ele nao soprou
então eu pedi ao mar uma trajetória
mas ele secou
não importa
eu sou amigo do vento e do mar
acho q eu embarquei a vida num navio de prata
mas ele nao mais navega
sobre os dias e noites
entao eu nao sei se ir ou se ficar
se eu nao me conheço
como posso gostar de mim?
sei que eu deixei meu rosto
em alguns espelhos esquecidos
e uma rosa amarrotada de silencio
me viu por dentro
é, eu sou amigo de esquecidos e de flores
sabe, eu estou pensando no tempo
mas não sei das horas
palavras, sonhos, vultos
não são alegres nem tristes,
estão ocultos na canção
e eu, eu sou amigo do canto''